Tratamento Intervencionista da Dor no Ombro: Bloqueios e Radiofrequência como Alternativas Avançadas

A dor no ombro é uma das queixas musculoesqueléticas mais comuns na prática clínica, com impacto significativo na qualidade de vida e funcionalidade dos pacientes. Pode estar relacionada a causas articulares, tendíneas, bursais ou neuropáticas. Quando o tratamento clínico e fisioterápico não proporciona alívio adequado, as técnicas intervencionistas se tornam ferramentas valiosas para o controle da dor.

Dr. Caio Martins

7/24/20252 min read

homem idoso com dor no ombro
homem idoso com dor no ombro
  • Tendinopatia do manguito rotador (principalmente supraespinal)

  • Bursite subacromial

  • Capsulite adesiva (ombro congelado)

  • Artrose acromioclavicular ou glenoumeral

  • Síndrome do impacto subacromial

  • Lesões do lábio glenoidal

  • Dor neuropática pós-cirúrgica

  • Dor pós-AVC com subluxação glenoumeral

Principais causas de dor crônica no ombro

Inervação do ombro: base para o tratamento

A sensibilidade do ombro é mediada por:

  • Nervo supraescapular – principal inervação sensitiva da cápsula glenoumeral (70% da dor articular)

  • Nervo axilar – inervação da cápsula posterior e deltoide

  • Nervo supraclavicular (plexo cervical superficial) – dor superficial e cutânea anterior

  • Plexo braquial – contribuições múltiplas, especialmente em dor pós-traumática ou neuropática

Bloqueios intervencionistas para dor no ombro

1. Bloqueio do nervo supraescapular

  • Indicações: dor articular crônica, capsulite adesiva, osteoartrite glenoumeral, dor pós-AVC, bursite.

  • Técnica: guiado por ultrassom ou fluoroscopia, injeção de anestésico com ou sem corticoide no entalhe supraescapular.

  • Benefícios: melhora significativa da dor, amplitude de movimento e função.

  • Duração: efeito de semanas a meses; pode ser repetido.

2. Bloqueio do nervo axilar

  • Indicação: dor na cápsula posterior, pós-cirurgia, lesões do manguito.

  • Técnica: ultrassom para identificação do nervo ao redor do colo do úmero posterior.

  • Importância: usado isoladamente ou em combinação com o supraescapular.

3. Bloqueio do plexo braquial (interescalênico)

  • Indicação: dor intensa, refratária, ou para procedimentos cirúrgicos no ombro.

  • Técnica: ultrassom para identificar raízes do plexo entre os músculos escalenos.

  • Cuidado: requer monitoramento, devido ao risco de bloqueio diafragmático (nervo frênico).

4. Infiltração intra-articular do ombro

  • Indicação: osteoartrite, capsulite adesiva, pós-trauma.

  • Técnica: guiada por imagem; injeção de corticoide e anestésicos.

Uso complementar: junto com bloqueios nervosos para tratamento sinérgico.

Radiofrequência para dor no ombro

Radiofrequência do nervo supraescapular

  • Indicação: dor crônica refratária ("dor que não melhora com nada", "dor que não responde a outros tratamentos")

  • Técnica: abordagem percutânea guiada por imagem, com agulha posicionada no entalhe supraescapular.

  • Tipos:

    • Contínua (termocoagulação): ablativa, para casos refratários.

    • Pulsada: neuromodulação sem lesão térmica, usada em dor neuropática ou quando há risco de perda motora.

Evidências científicas

  • Bloqueio do nervo supraescapular tem nível de evidência moderado a alto para alívio da dor e melhora da função.

  • Radiofrequência pulsada do nervo supraescapular mostra alívio duradouro em casos de dor crônica, baixo risco de prejuízo motor.

  • Pode ser usada como alternativa à artroplastia em pacientes com contraindicação cirúrgica.

Riscos e cuidados

  • Risco de infecção, hematoma, lesão neural (mínimo com técnica adequada)

  • Avaliação por especialista em dor é essencial

  • Importância do monitoramento e do uso de técnica asséptica rigorosa

Conclusão

O tratamento intervencionista da dor no ombro, com bloqueios guiados e radiofrequência, oferece uma abordagem precisa, minimamente invasiva e eficaz para pacientes com dor crônica de difícil controle. É uma alternativa especialmente útil em populações idosas, pacientes com múltiplas comorbidades ou em falha do tratamento conservador.

A personalização da técnica, o domínio da anatomia regional e o acompanhamento multidisciplinar são fundamentais para o sucesso terapêutico.


  • Texto meramente educativo e informativo. Não se trata de indicação diagnóstica ou terapêutica de nenhum tipo. Procure sempre atendimento médico.