Sintomas da Pressão Alta - Hipertensão Arterial Sistêmica

A Hipertensão Arterial Sistêmica, que conhecemos como "Pressão Alta", é uma doença muito comum, chegando a afetar 30 a 45% da população.

Dr. Caio Martins

7/10/20234 min read

Hipertensão Arterial Sistêmica

*esse texto tem caráter apenas informativo, não se trata de orientação específica de diagnóstico ou tratamento e não substitui o atendimento por um profissional qualificado.

Introdução

      A Hipertensão Arterial Sistêmica, que conhecemos como "Pressão Alta", é uma doença muito comum, chegando a afetar 30 a 45% da população, segundo alguns estudos. Sexo masculino, idade, obesidade, história familiar, dieta rica em sódio (o sal de cozinha), sedentarismo e consumo excessivo são alguns dos fatores de risco para Hipertensão Primária. Existem também fatores que podem ser causa ou agravantes da pressão alta: Uso de algumas medicações - contraceptivos, anti-inflamatórios, corticoides, antidepressivos, descongestionantes nasais, alguns imunossupressores; Uso de drogas ilícitas; Doença renal preexistente; Apneia do sono; Outras doenças (Síndrome de Cushing, hipotireoidismo, hipertireoidismo, feocromocitoma, coarctação da aorta…).

Patogênese

      A pressão sanguínea existente em nosso corpo é necessária para a perfusão dos órgãos. Ela é influenciada pelo volume de sangue e pelo diâmetro das artérias, principalmente das arteríolas (porção terminal das artérias, já próximas dos vasos mais finos do nosso corpo, os capilares sanguíneos), que por sua vez é controlado principalmente pelo sistema nervoso autônomo (por exemplo, nervos que controlam respostas involuntárias do nosso organismo, como aceleração dos batimentos cardíacos, provenientes da medula espinhal) e pelo sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (uma cascata de ativação de moléculas responsáveis pela sinalização aos vasos sanguíneos para contração e também pela retenção de sódio pelo rim). 

      E quais são os sintomas mais comuns da hipertensão? O sintoma mais comum associado ao quadro de hipertensão é… Não ter sintomas!! Pois é, apesar de tanto falarmos que "estava com dor de cabeça pois minha pressão estava alta" e coisas do tipo, muitos estudos já comprovaram que é incomum ter sintomas puramente decorrentes da hipertensão comum, com exceção de valores muitos elevados (geralmente maiores que 220x120 mmHg*).*mmHg: milímetros de mercúrio, unidade de medida mais utilizada da pressão arterial.

Definições

      De forma simplificada, podemos dizer que: 

  • Pressão sistólica: é a "mais alta" da aferição, que reflete a pressão dentro da artéria no momento da contração ventricular do coração;

  • Pressão diastólica: é a "mais baixa" da aferição, que reflete a pressão dentro das artérias durante o período de relaxamento cardíaco.

      Conforme o consenso do American College of Cardiology e American Heart Association de 2017:

  • Pressão arterial normal: sistólica menor que 120 e diastólica menor que 80;

  • Pressão arterial elevada: sistólica entre 120 e 129 e diastólica menor que 80;

  • Hipertensão estágio 1: sistólica entre 130 e 139 ou diastólica de 80 a 89;

  • Hipertensão estágio 2: sistólica maior ou igual a 140 ou diastólica maior ou igual a 90.

Hipertensão do Jaleco Branco

      É quando a pessoa apresenta pressão alta aferida no consultório, mas pressão arterial normal quando faz as aferições em casa ou outro local. Nesse caso, a pessoa não é verdadeiramente hipertensa.

Hipertensão Mascarada

      É o contrário da Hipertensão do Jaleco Branco: a pessoa tem pressão arterial normalmente alta, mas quando vai ao médico as aferições tem resultado dentro do valor normal.

Diagnóstico

      Para termos certeza que a pessoa é hipertensa, precisamos de mais de uma aferição com valores alterados no consultório ou realizadas pela própria pessoa em casa, utilizando técnica correta. Em alguns casos precisamos de um exame bastante conhecido, o MAPA, em que a pessoa passa 24 horas com um aparelho de pressão automático programado para realizar várias aferições ao longo do dia e salvar os registros.

Tratamento

      A parte mais importante desse tópico não envolve medicamentos! Medidas não farmacológicas, também chamadas de Mudanças de Estilo de Vida, são muito importantes no controle da pressão arterial, prevenção da Hipertensão e de muitas outras doenças! Entre as principais, estão: Restrição do consumo de sal; Perda de peso para pessoas com sobrepeso; Dieta rica em vegetais, frutas, laticínios com baixo teor de gorduras, grãos integrais, consumo de peixe, frango e castanhas; Atividade física aeróbica ou de resistência (reduzem a pressão arterial independentemente da perda de peso); Redução do consumo de álcool. E, por fim, também existem diversas medicações capazes de controlar a pressão arterial e, assim, reduzir o risco das complicações de longo prazo dessa doença.

Complicações (ou Lesões de Órgãos-alvo)

      Muitas patologias estão estreitamente relacionadas com a hipertensão arterial e ocorrem principalmente após alguns anos do início da doença. Entre elas: 

  • Hipertrofia ventricular esquerda

  • Insuficiência cardíaca

  • Acidente vascular cerebral isquêmico

  • Acidente vascular cerebral hemorrágico

  • Doença isquêmica do coração, incluindo infarto

  • Doença renal crônica (e até evolução para perda da função renal com necessidade de terapias renais substitutivas, como a hemodiálise)

      Por ser tão comum, a hipertensão é o fator de risco modificável (que podemos melhorar ou tratar) mais importante para doença cardíaca! Sendo até mais importante do que o cigarro, dislipidemia (vulgo "colesterol alto", "triglicerídeo alto") ou diabetes, que são grandes vilões das doenças do coração. Alguns estudos comprovaram que o risco de ter uma complicação cardíaca aumenta proporcionalmente aos níveis da pressão arterial: para cada aumento de 20 milímetros de mercúrio (unidade de medida da pressão arterial), o risco de morte por causa cardíaca ou AVC dobra! Por isso é tão importante o tratamento dessa doença que, na maioria das vezes, é tão simples, mas pode prevenir e evitar muitos problemas no futuro.

Fontes:

UpToDate, www.uptodate.com/contents/overview-of-hypertension-in-adults - visitado em 13/08/2022

Whelton PK, Carey RM, Aronow WS, et al. 2017 ACC/AHA/AAPA/ABC/ACPM/AGS/APhA/ASH/ASPC/NMA/PCNA Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines.